26 de outubro de 2009

Shin Megami Tensei: Devil Summoner 2: Raidou Kuzunoha vs. King Abadon (PS2)


No Japão dos anos 40, demônios, espíritos e todo tipo de criatura sobrenatural se esconde nas sombras, incógnitos aos olhos humanos. Normalmente estão sob controle – mas é quando decidem atacar pessoas inocentes que entram em ação os Devil Summoners. Guerreiros treinados na arte de combater, domar e usar a força desses seres como seu próprio. Raidou Kuzunoha é um deles heróis, e volta como protagonista de mais um assombroso RPG para o PlayStation 2.

Abbadon King é a sequência direta de Soulless Army e marca o retorno do jovem invocador de espíritos no console da Sony, dessa vez em uma nova aventura. Em um dia aparentemente comum na Agência de Detetives Narumi, surge uma moça pedindo para que o espadachim e seu parceiro procurem um homem desaparecido. A busca logo se transforma em uma saga envolvendo insetos místicos, um antigo clã de assassinos e, é claro, todo o destino do mundo. Não é preciso necessariamente ter passado pelo primeiro game para aproveitar a nova história, mas quem não o fizer deve perder muitas referências, além de não sentir a mesma graça no retorno de personagens que marcaram presença lá atrás.

Já na nova trama que se entrelaça ao redor de Raidou está o primeiro grande ponto forte. Apesar do roteiro ainda ser dividido em capítulos independentes, eles parecem melhor ligados entre si, com a narrativa rolando numa velocidade constante – sem as aceleradas nonsense e freadas absurdas do primeiro jogo, que tinha episódios nos quais você nem colocava a mão no controle. São mais personagens que são mais interessantes e que se envolvem de uma maneira mais profunda com o protagonista. Sem revelar muito da história, o encontro final entre ele e o outro grande invocador da família Kuzunoha é um dos pontos altos.

Choque Cultural

Como a capital japonesa da época, o game se desenvolve numa mágica mistura entre a novidade e a tradição – que muitas vezes passa por preguiça dos produtores. Uma boa parte dos cenários do primeiro Devil Summoner, por exemplo, estão de volta com os mesmos transeuntes e as mesmas músicas, só com os diálogos diferentes. Os menus e algumas das animações (como a câmara de fusão do Dr.Victor, por exemplo) também são cópias descaradas de Soulless Army.

A jogabilidade básica também se manteve a mesma. No controle do detetive sobrenatural você anda pelas ruas dos vários bairros da Capital – com a bem-vinda retirada de encontros aleatórios dentro das cidades – conversando com pessoas, descobrindo passagens secretas, comprando e vendendo itens e caindo em combates com freqüência por vezes bem assustadora. É a fórmula Final Fantasy seguida quase à risca. Quase.

A diferença é a parceria entre Raidou e seus aliados de outro mundo, que ajudam na exploração e na investigação. O poder desses seres por transformar um rio, por exemplo, em ponte de gelo para o próximo objetivo, ou ler a mente de alguém para conseguir uma informação vital. A interação ainda é um tanto quanto arbitrária – sem muita chance de erros ou de experimentações com efeitos diferentes – mas mesmo assim ficou mais variada e ajuda a quebrar o estilo clássico de se aventurar dos guerreiros medievais.

Os Novos Exorcistas

Maiores, porém, são as novidades que aparecem quando o herói desembainha sua espada. As batalhas contra os demônios de Abbadon King são em tempo real, parecidas com a do game original, mas a partir daí começam as mudanças. A mais visível delas está nos parceiros: agora você pode lutar ao lado de duas criaturas ao mesmo tempo ao invés de só uma. Isso cria um certo caos na tela, com monstros e magias atravessando a arena, mas ao mesmo tempo aumenta as possibilidades de estratégia, o que é crucial num Shin Megami Tensei. Também estreiam coisas interessantes como ataques especiais que unem o poder dos dois aliados em uma coisa só, muito mais poderosa.

O jovem invocador também aprendeu novos truques desde sua última empreitada demoníaca. Além de ter conseguido novos golpes com sua katana – e um rolamento bem útil – ele agora também usa lanças e machados, cada um com seus golpes específicos. E agora, ao invés de usar os espíritos dos próprios camaradas para fortalecer o instrumento de matança, recorre-se a um meio menos cruel: combinam-se minerais e armas velhas e logo você tem sua espada que dá dano de fogo, protege contra morte instantânea e garante um bônus generoso de força.

Outra mudança está no sistema de captura das criaturas que integram a tropa demoníaca de Raidou. Antes tudo acontecia no melhor estilo Pokémon: você enfraquecia o monstro, chegava perto dele e martelava um botão para aprisioná-lo. Agora ficou tudo muito mais parecido com os Shin Megami Tensei “verdadeiros” – é tudo na base da conversa. Você precisa negociar com cada alvo e fazer com que ele aceite integrar o seu grupo, e para isso é preciso conhecer a personalidade de cada um, responder corretamente às perguntas que eles fazem e, de vez em quando, levar um companheiro que ajude no processo.

Certamente é um processo mais trabalhoso que o antigo – e que até tira alguma da identidade criada no capítulo anterior – mas é algo que pode agradar principalmente os fãs mais tradicionais da série da Atlus.

Além da linha principal da história Devil Summoner 2 ainda oferece uma seleção de sub-missões que rendem prêmios interessantes e aumentam consideravelmente a vida útil da aventura. Geralmente são elas – as mais difíceis – que oferecem boa parte do desafio que falta um pouco no decorrer da aventura. Os chefes mais poderosos estão todos lá, e com eles as recompensas mais rechonchudas.

Abbadon King é, em todos os sentidos, uma evolução do espírito do seu predecessor. Não é um RPG totalmente imperdível nesse fim de vida do PlayStation 2, mas ainda é um game competente para espantar os espíritos ruins.
(fonte - Game TV)

Um comentário:

Anônimo disse...

Valeu pelo up mano, tava atraz desse jogaço. Brigadão!